segunda-feira, 27 de junho de 2016

GRANDES NOMES

RAUL MACHADO


Raul Martins Machado. Matosinhos. 22 de Setembro de 1937. Defesa.
Épocas no Benfica: 7 (62/69). Jogos: 197. Golos: 5. Títulos: 6 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Leixões. Internacionalizações: 11.



Quando uma militância de sete anos no Benfica representa a conquista de seis Campeonatos, só se poderia estar na presença de um privilegiado e, sem reservas, de um grande jogador, num grande colectivo. Está então feito o retrato de Raul Machado e da equipa do seu tempo.



Corria o Verão de 1962. Béla Guttmann abandonava o Benfica bicampeão europeu, abrindo a porta ao ingresso do chileno Fernando Riera. Ao mesmo tempo, em Matosinhos, no histórico Leixões, sinais havia já daquela que alguém, mais tarde, chamaria de máquina reprodutora de bebés, futuros craques da bola. Como Raul, exemplo maior, à Luz chegado, com 24 anos.
Esplendeceu logo na primeira temporada. Não menos substimável, assumiu-se responsável por disfarçar a ausência do grande Germano, apoquentado por uma séria lesão. Ao titulo nacional chegou e o europeu esteve perto, naquele cínico embate, frente ao AC Milan, com um Benfica algo apavonado a desperdiçar o ensejo da terceira vitória consecutiva na prova garantir.



Ao longo da estupenda década de 60, Raul actuou em quase duas centenas de jogos. Ironicamente, só perdeu o Nacional de 66, no ano da safra dos Magriços, na Inglaterra, com uma inimitável quota vermelha. Jogava de forma serena, pelo menos na aparência. Até porque era valente e determinado. Cultivava o sentido prático, rejeitava floreados estéreis. Tinha um remate poderoso, fazia golos de fora da área. Viveu os últimos suspiros do WM e adaptou-se bem ao desabrochante 4-2-4. Passou com alta nota o exame da condução táctica.



Em 64/65, perante o Inter de Milão, voltou a descartar a hipótese de ser campeão da Europa, fazendo dupla com Germano, até ao minuto 57, altura em que o seu companheiro da retaguarda substituiu Costa Pereira, lesionado, na defesa das redes. Um guardião improvisado e apenas um defesa-central, mas nem por isso os italianos somaram mais golos ao pífio de Jair, obtido por entre as pernas do infeliz keeper benfiquista. Nessa noite, dia se não fez para Eusébio e seus pares da ofensiva.
Na temporada 68/69, com 11 presenças na equipa nacional, Raul abandonou a Luz. O tempo obrigava a mudanças no quadro de efectivos. Saiu campeão, tal como entrou campeão. Em sete anos, assistiu à despedida de Germano e à estreia de Humberto Coelho. Na condição de protagonista. A ponte, essa, fê-la com mestria.

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