terça-feira, 31 de maio de 2016

MOEDAS EUSÉBIO


A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) lança esta quinta-feira o Plano de Moedas Comemorativas para 2016, com nove moedas, que inclui uma moeda especial de 7,5 euros de Eusébio desenhada por André Carrilho.

Este ano a INCM diversificou os artistas participantes, procurando dar «relevo a valores e temáticas da cultura nacional e universal».

Nas duas moedas de dois euros que vão circular há a referência à participação portuguesa nos próximos Jogos Olímpicos, da autoria de Joana Vasconcelos e outra que assinala os 50 anos da Ponte 25 de Abril, do escultor José Aurélio.

As restantes sete são apenas para coleção, de acordo com a revista Visão. Além de Eusébio, há o Figurado de Barcelos (pela designer Baiba Sime), o Museu do Dinheiro (pelo escultor Charters de Almeida), Rui Vasquez desenha Almada Negreiros e José Viriato Bernardo estiliza D. Catarina de Bragança. O escultor João Duarte interpreta o cante alentejano e o escultor Luís Valadares evoca o lince ibérico.

Vão ser cunhadas um milhão e 700 mil moedas.

NOTICIA DO JORNAL A BOLA

ANDEBOL A FINAL DA POLÉMICA


Discute-se amanhã no pavilhão Flávio Sá Leite em Braga o 5º jogo da final do Campeonato Nacional de Andebol, esta final ditará o campeão, já que nos 4 encontros anteriores as equipas estão empatadas 2 a 2.
Apesar das boas relações entre os dois clubes o clima está ao rubro desde o último jogo pelas confusões geradas nas bancadas e motivadas pela claque benfiquista, que ateou duas tochas no decorrer do encontro. Este episódio motivou uma paragem no jogo já que uma parte do pavilhão ficou cheia de fumo, não deixando os jogadores respirarem como deve de ser, bem como os problemas respiratórios que causou aos espectadores que motivou a saída de alguns do pavilhão, com as crianças que tinham levado para ver aquele jogo. Esta triste situação que se passou naquele pavilhão envergonha os Benfiquistas e que motivou que a direcção do ABC não dispense bilhetes para que os Benfiquistas possam assistir ao derradeiro jogo desta final.
É de recordar, que estes problemas com as claques benfiquistas tem sido recorrentes, motivo pela qual o Benfica já foi multado nos dois últimos jogos num total de 5700 euros.
Lamenta-se profundamente que meia dúzia de "arruaceiros" que debaixo do nome do Benfica, andem a sujar um nome com 112 anos de uma história de orgulho e glória, é tempo de se tentar identificar estes parasitas que constantemente prejudicam o Benfica com as tochas e petardos que têm lançado e rebentado dentro dos pavilhões e estádios, obrigando o Benfica nos últimos anos a pagar centenas de milhares de euros em multas.
O Benfica não precisa destes "arruaceiros", o Benfica precisa do apoio dos verdadeiros Benfiquistas que puxam pela equipa, que gritam bem alto esse nome que tantas glórias nos tem dado e esse nome é 

BENFICA

 


GRANDES NOMES

VICTOR MARTINS "O GAROUPA"

Vítor Manuel Rosa Martins. Alcobaça. 27 de Março de 1950. Médio.
Épocas no Benfica: 9 (69/78). Jogos: 192. Golos: 27. Títulos: 5 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Nazarenos. Internacionalizações: 3.


 No apogeu da carreira, contava 27 anos apenas, Vítor Martins interrompeu de forma abrupta o melhor ciclo da sua vida. Um cruel acidente vascular quase o inutilizava. Perdeu o Benfica um dos seus mais cotados futebolistas, com matriz de alto rendimento, portentoso na técnica, até parecia bailar em campo, de tão suave na execução. 


Recrutado ao Nazarenos, Vítor Martins chegou à Luz para os escalões mais jovens. Esteve no gérmen das melhores castas de sempre do futebol juvenil do clube. Com Humberto Coelho, Nené, João Alves, Shéu, Jordão e Bastos Lopes, toda uma ínclita geração. Ganhou depressa o hábito da vitória, mas também o engenho para lá chegar. E a internacional, já com títulos nacionais no palmarés.


Em Dezembro de 1969, fez a sua aparição na equipa principal. Um golo marcou, no triunfo esclarecedor (6-0) sobre o União de Tomar. Foi nessa tarde que o seu ídolo Eusébio recebeu as Bolas de Prata, referentes ao melhor marcador dos Nacionais de 66/67 e 67/68. Continuou a lutar por um lugar ao sol, com chamadas mais ou menos frequentes ao convívio dos craques. Assim atravessou o rico magistério de Jimmy Hagan, concorrendo, na zona intermediária, com Toni, Jaime Graça, Matine e Simões, nomes fortes da nomenclatura vermelha. 
A partir de 72/73, firmou-se em definitivo. Era um jogador do gosto popular. Tinha carradas de talento. Se era bom discípulo da ordem e do rigor, não deixava de cultivar o espaço de liberdade, onde o seu génio limites parecia não ter. Assim foi durante cinco grandes temporadas, com mais de 150 jogos na equipa principal e golos, vários golos à mistura.


Vítor Martins venceu por cinco ocasiões o Campeonato Nacional e por uma vez a Taça de Portugal. Foi três vezes internacional A, com destaque para a presença em Wembley, frente à Inglaterra, num surpreendente empate a zero. O Garoupa, como era conhecido, abateu, nesse dia, a grimpa aos ingleses.

A 13 de Novembro de 1977, em jogo a contar para a Taça de Portugal, ante o Desportivo de Chaves, lesionou-se ao minuto 52. Operado mais tarde, tudo se complicou. Drasticamente. O futebol era passado. “Estava na melhor fase da minha vida”, confessa, de forma comovente. O Dínamo de Moscovo associar-se-ia à festa de homenagem, já o homem havia recuperado. O jogador, esse, morreu. No palco principal. Ficou a mágoa dos benfiquistas. E a nostalgia.

Copiado do Site
Link: http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=22362.225

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Vitórias e Património (parte 1)



Vitórias e Património (parte 2)


Vitórias e Património (parte 3)



Vitórias e Património (parte 4)




VAI COMEÇAR O JULGAMENTO

A audiência preliminar do processo que o Benfica interpôs contra Jorge Jesus, começa sexta-feira.


ÉPOCA DE 1957/58

PLANTEL


Coluna, Ângelo, José Águas, Alfredo, Bastos, Cavem, Pegado, Palmeiro, Caiado, Zézinho, Artur, Mário João, Santana, Ferreira, Azevedo, Serra, Salvador, Calado, Palmeiro Antunes, Araújo, Costa Pereira, Mendes, José Maria, Helder, Naldo, Chipenda

TREINADOR

OTTO GLÓRIA

MELHOR MARCADOR

JOSÉ ÁGUAS - 31 GOLOS

RESULTADOS



PRESIDENTE

MAURICIO VIEIRA DE BRITO

INAUGURAÇÃO DA LUZ ARTIFICIAL

No dia 9 de Junho de 1958 é inaugurada a luz artificial no estádio da Luz.

O BILHETE DA INAUGURAÇÃO

IMAGEM DO ESTÁDIO COM AS LUZES

O ESTÁDIO COM AS 4 TORRES DE ILUMINAÇÃO

CRÓNICA DA ÉPOCA

Caiu o pano sobre uma era do futebol português e do Sporting em particular. José Travaços, o «Zé da Europa», o último dos «violinos» a deixar de jogar, liderou o Sporting a mais um título, batendo o FC Porto numa luta duríssima, disputada a dois, longe do Benfica que nunca chegou a ser uma ameaça para o duo da frente.
Leões e portistas lutaram taco-a-taco, com os leões na frente desde a sexta ronda, com pequenos interregnos em que o FC Porto liderou, na 14.ª jornada e entre a 19.ª e a 20.ª.
A partir da 22ª jornada os dois ficaram empatados na frente, com os leões com vantagem depois de terem vencido por 3 a 0 em Alvalade e perdido apenas por 2 a 1 nas Antas. 
Na última jornada, o Sporting bateu o Caldas em Alvalade (3 a 0), sagrando-se campeão, enquanto o Porto batia o Belenenses no Restelo (1 a 3) terminando o campeonato com os mesmos pontos que os leões.

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SEVILHA 3 - BENFICA 1 TAÇA DOS CAMPEÕES



FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL FC PORTO 1 - BENFICA 0












segunda-feira, 30 de maio de 2016

GRANDES NOMES

VICTOR BATISTA



Vítor Manuel Ferreira Baptista  (Setúbal, 18 de Outubro 1948 - 1 de Janeiro 1999  foi um futebolista português. Era conhecido pela sua genialidade, excentricidade, irreverência e imprevisibilidade, pois não tinha muita disciplina táctica. Devido à sua personalidade era comparado com George Best. 
Natural de Setúbal, filho de um electricista e de uma operária de conservas, aos 13 anos começou a trabalhar como empregado numa mercearia. Aos 15, depois de participar num torneio de futebol de salão, em que foi o segundo melhor marcador (atrás de Quinito, mais tarde treinador) Vítor Baptista terá tomado a decisão de se tornar jogador profissional de futebol. 
Iniciou a sua carreira no Vitória de Setúbal, onde em 1967, com apenas 18 anos, venceu uma Taça de Portugal (uma das três que o clube sadino alcançou até hoje). Na sua última época pelo Vitória marcou 22 golos, despertando o interesse do Sporting e do Benfica. 
Transferiu-se para o Benfica a 19 de Julho de 1971 por três mil contos mais o passe de José Torres, Matine e Praia, na transferência mais cara do futebol português até à altura. Estreou-se na equipa principal com um golo ao Vitória de Setúbal, a sua anterior equipa. Ao longo das sete épocas em que representou o Benfica, participou em 150 jogos oficiais, tendo marcado por 62 vezes. O seu último golo pelo Benfica, obtido através de um remate potente , foi frente ao rival Sporting num jogo realizado no Estádio da Luz a 12 de Fevereiro de 1978.
A sua classe foi determinante ao revelar uma técnica apurada, uma boa visão de jogo e uma grande capacidade de finalização. Ganhou cinco campeonatos e uma Taça de Portugal pelos encarnados. No Benfica manteve uma relação difícil com os treinadores Mário Wilson e John Mortimore. O seu último jogo de águia ao peito foi em Fevereiro de 1978, num jogo com o Vitória de Guimarães. Nesse tempo, já tinha problemas com drogas pesadas.
Regressou ao Vitória de Setúbal na época 1978/79 devido a divergências com a direcção do Benfica quanto ao seu salário. No Boavista, equipa que representou na época de 1979/80, chateou-se com José Maria Pedroto, voltando a sair devido a desacordos contratuais com o presidente Valentim Loureiro. Mais tarde viria a rumar aos EUA para representar o San José Earthquakes, da Califórnia, a convite de António Simões, jogando com Guus Hiddink. No Montijo foi jogador e treinador. Retirou-se com 37 anos na equipa regional dos Estrelas do Faralhão.

Selecção Nacional

Vestiu a camisola das quinas apenas por onze vezes, devido a um desentendimento com o seleccionador Juca em 1976, sendo afastado definitivamente da selecção. 
Foi convocado por Juca para o jogo Chipre-Portugal, de qualificação para o Mundial-78. Em 4 de dezembro de 1976, de Lisboa a Limassol, a selecção faz escala em Atenas num avião da TWA. Chegados ao hotel, Juca avisa que terá lugar um treino ligeiro antes do jantar. À hora marcada, todos aparecem menos Vítor Baptista, que só chega no final dos exercícios com ar de turista. Repreendido por Juca, justifica-se com o facto de nada ter ouvido e chama todos de malucos. É recambiado para Lisboa, na véspera do jogo, ganho por Portugal (2-1).

Morte

Vítor Baptista viria a falecer, após um final de vida de pobreza (resultado de alguns excessos cometidos durante a vida), a 1 de Janeiro de 1999, aos 50 anos de idade. Os seus últimos anos de vida foram passados a trabalhar em cemitérios e como funcionário da câmara de Setúbal para limpar as ruas. Acaba, talvez, por ficar na sombra de Eusébio, pois não foi reconhecido e homenageado de acordo com a qualidade que emprestou ao futebol em particular e ao desporto português no geral.


Títulos

V. Setúbal

Taça de Portugal: 1966/67

Benfica

Campeonato de Portugal: 1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76, 1976/77
Taça de Portugal: 1971/72

Curiosidades

Um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi quando perdeu um brinco de ouro, que lhe custara mais de 10 contos (quantia significativa para a época), após marcar o último golo pelo Benfica. Com o público em êxtase e o jogo interrompido por alguns minutos, os jogadores das duas equipas e até o árbitro Rosa Santos ajudaram-no a procurar o brinco perdido.

Tempos depois, na época em que visitou a Luz com o Boavista tendo marcado o golo da vitória axadrezada, no final do jogo, enquanto os companheiros festejavam, Vítor Baptista foi ao local onde pensava ter perdido o tal brinco e de gatas voltou a procurá-lo, tendo sido ajudado sem sucesso por alguns dos seus companheiros do Boavista, perante o espanto do público presente, até que os mandaram recolher aos balneários.
Grande amigo de Toni e de Humberto Coelho, seus companheiros de equipa no Benfica.


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A PERCA DO BRINCO



VITOR BATISTA "O MAIOR"




GRANDES NOMES

ARSÉNIO


Junto à muralha, no Barreiro, estendia-se longo areal. Rapazio, em euforia, dava pábulo aos seus sonhos. Atrás de uma bola. Quase sempre de trapos. Que o cauchu era luxo proibido para aqueles filhos de operários a quem tantas vezes faltava até a côdea de pão. E uma sardinha se comia retalhada, a dois, a três, a quatro. Um deles distinguia-se dos demais. Não por jogar sempre com a melena no ar, ondulando ao sabor breve da brisa que soprava do rio, mas pelo jeito com que mexia na trapeira. Chamava-se Arsénio, mas todos o conheciam por... Pinga. Que era o seu ídolo. Gostava mais de cinema que de bola, mas, sem dinheiro, divertia-se jogando. Faziam-se torneios entre equipas sempre certas e os prémios eram cromos dos ídolos de então.

Espírito Santo, Peyroteo, Pinga... O seu talento não podia continuar a desperdiçar-se naqueles campos improvisados de areia suja, com pedrinhas servindo de balizas. Foi testar qualidades ao Barreirense. Deslumbrou. Pouco tempo depois, na festa de despedida de Francisco Câmara, lançaram-no na equipa de honra, em desafio contra o Sporting. «Ainda não tinha 16 anos e quem me marcou foi o Aníbal Paciência. Ao princípio estava um pouco enervado, mas, depois, serenei e perdi o respeito ao valor doso jogador do Sporting.» Desse time não saiu mais. Teve ainda tempo para sagrar-se campeão nacional da II Divisão. O Barreirense bateu a Sanjoanense, por 6-1, nas Amoreiras. Os técnicos do Benfica ficaram de olho nele. Por essa altura, Arsénio e Moreira, esse mesmo, o... Pai Natal, decidiram mostrar as suas capacidades no Vitória de Setúbal. Por sua conta e risco. Só lá foram uma vez, porque os emissários benfiquistas foram ao Barreiro oferecer-lhes o sonho que tantas vezes lhes aqueceu as ilusões.
Bastou um treino para que Janos Biri ficasse entusiasmado com Arsénio. De tal modo que lhe pediram logo que assinasse a ficha, recebendo por isso seis contos, ficando, igualmente, a ganhar 750 escudos por mês. Que era o ordenado dos craques...

Por essa altura era já aprendiz de serralheiro, na CUF. A oficial chegaria pouco depois. A paixão do futebol, mais que o dinheiro que, então, ganhava, suavizava-lhe os sacrifícios. Para poder apanhar o barco das 5.45 horas, Arsénio levantava-se três vezes por semana na madrugada alta. No barco encontrava-se com os demais futebolistas da terra que vinham para Lisboa. Para se treinarem, com ele, no Benfica, Moreira, Corona, Félix, Rogério Contreiras Rogério Fontes e José Luís; a caminho do Campo Grande, Azevedo, Armando Ferreira e Soeiro; para as Salésias, Quaresma e Salvador. Arsénio treinava-se e regressava, rápido, ao Barreiro para trabalhar na serralharia da CUF. Foi assim anos a fio. Mas nem isso lhe entenebreceu o ânimo ou ofuscou o brilho.



Bola-de-prata para se vingar de Otto...

Miúdo de corpo, era um temível homem de área. No campo era o que era na vida. um ser solidário, sempre mais preocupado com os outros que consigo mesmo. Por isso, no Benfica todos o consideravam o mais apaixonante jogador de equipa que por lá havia. Pode mesmo dizer-se que, marcando muitos golos - de uma vez, em vitória do Benfica sobre o Estoril por 7-0, apontou... seis e mais cinco marcou contra o F. C. Porto, na estrondosa vitória por 8-2, no jogo de inauguração do Estádio da Antas -, muitos mais lhe ficou a dever José Águas, de tal forma que nas suas Bolas de Prata havia muito de Arsénio, que, sendo jogador fantástico, sempre cheio de vivacidade, ágil, com fôlego de sete gatos, só não foi grande homem de Selecção por ter o lugar tapado por esse geniozinho, que fazia nos campos quadros com o mesmo encanto que os de Malho na tela, chamado Manuel Vasques. Mas foi ainda mais fantástico ho­mem de... Taças. Disputou seis finais da Taça de Portugal, todas ganhando: duas ao Sporting (dois golos), uma ao Estoril (um golo), uma ao Atlético. uma à Académica (um golo) e uma ao F. C. Porto (um golo). E foi graças a um golo seu que o Benfica abriu o caminho para a conquista da taça Latina.
Quando, em 1954, Otto Glória chegou ao Benfica, pediu-lhe para se dedicarem exclusivo ao futebol. Disse-lhe que não. Na época seguinte foi despedido. Por querer continuar a ser jogador-trabalhador ingressou na Cuf, com tempo ainda para ganhar uma Bola de Prata. Travaços e Vasques, que, nessa temporada de 1957/58, se sagraram, pela última vez, campeões nacionais de futebol, logo após a festa leonina correram à estação de correios dos Restauradores para enviarem para o Barreiro um telegrama carregado de sentimentalismo, que dizia mais ou menos assim: «Parabéns dos velhinhos como tu, que ainda são capazes de fazer coisas tão bonitas...»

A magia de um golo...

Para os benfiquistas, a Taça Latina disputada em 1950, no Estádio Nacional, era sonho quente. O ataque de anginas que varreu a equipa da Lázio facilitou a chegada à final. Contra o Bordéus. No primeiro jogo, empate a três. Na finalíssima os franceses depressa chegaram à vantagem. Estavam já quase vazias as bancadas quando Arsénio, com um golo espectacular, a 15 segundos do final, empatou. Renasceu a magia da esperança. Os gritos «Benfica! Benfica! Benfica!» ecoaram fundo, num espectáculo impressionante. Mais meia hora e golos nada. Outro prolongamento logo de seguida. Havia jogadores que já se arrastavam, desfigurados pelo esforço, aos torcilhões, alimentados apenas por uma réstia de esperança. Francisco Moreira, o Pai Natal, que nesse jogo assumira estatuto de capitão por Francisco Ferreira, doente, não querer jogar para não prejudicar a equipa, reiterava palavras de encorajamento sempre que sentia algum colega a desfalecer: «Regressei à força dos 25 anos para ganhar a Taça Latina. Lutemos até cairmos para o lado, mortos pelo cansaço»...
De súbito, quase ao cair do pano, Moreira rematou, confusão na baliza dos franceses, não se sabe ainda hoje se Julinho terá ou não tocado na bola, o que se sabe é que aquele golo valeu a Taça Latina. Estalou o euforia. Quando o árbitro apitou, Carona desmaiou no campo. Foi levado para os balneários de charola. Os colegas despiram-no, descalçaram-no, puseram-no no duche e nada: a insensibilidade manteve-se, oferecendo uma imagem bizarra, debaixo do chuveiro, com a água tépida a salpicar-lhe o corpo ainda desfalecido. Quando deu cobro de si só foi capaz de dizer que soubera, finalmente, o que era o Paraíso. Os outros benfiquistas também. Tudo por causa daquele golo de Arsénio a 15 segundos do fim...

Arsénio marcou o golo do empate, na finalíssima da Taça Latina, a 15 segundos do final do tempo regulamentar. Caiu no relvado e ficou a olhar o horizonte. Francisco Ferreira foi felicitá-lo. Mal sabia que por causa daquele golo o Benfica ganharia o seu primeiro grande título internacional.

Arsénio - Berreirense, Benfica e CUF



A tal Taça Latina


GRANDES NOMES

JOSÉ AUGUSTO


Foi na velhinha e prestigiada equipa do Barreiro que José Augusto nasceu para o futebol e revelou grandes qualidades. Em 1959, o Benfica ganhou a corrida ao seu concurso. Ao longo de onze épocas no clube lisboeta, conquistou 8 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal e 2 Taças dos Clubes Campeões Europeus, marcando 174 golos em 369 jogos. Com presença em cinco finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus, foi totalista nas campanhas europeias vitoriosas do Benfica, com 11 golos apontados.

Jogava bem colado à linha, centrando de forma perfeita. Possuía uma visão exemplar do jogo e da movimentação dos colegas, revelando ainda uma apetência especial para marcar golos de cabeça.
Entre 1958 e 1968, foi internacional português por 45 vezes (duas pelo Barreirense e 43 pelo Benfica), marcando 9 golos. Integrou a Selecção de Portugal no Campeonato do Mundo de Futebol de 1966, em Inglaterra, onde a equipa das quinas alcançou o terceiro lugar, a sua melhor participação de sempre. Seria mesmo uma das peças fundamentais na saga dos "Magriços", com três golos marcados. Totalista na campanha do Mundial de 1966, realizou todos os jogos das fases de apuramento e final.
A 19 de Dezembro de 1966 recebeu a Medalha de Prata da Ordem do Infante D. Henrique.
Terminou os seus dias na Selecção após o Grécia-Portugal de 1968 - o jogo em que muitas grandes figuras se despediram da equipa nacional -, passando quase de seguida à função de treinador. Com um registo de nove golos, coube-lhe por sete vezes a braçadeira de "capitão".

Poucos indivíduos estiveram envolvidos em tantos momentos históricos do futebol português, nas funções de jogador ou treinador, como José Augusto.

Treinador
Orientou o Benfica em 1969/70, tendo ganho uma Taça de Portugal. Foi também Seleccionador Português.
Dirigiu Portugal entre Março de 1972 e Novembro de 1973. A Selecção participou na Minicopa de 1972, no Brasil, chamada oficialmente Taça Independência. Neste pequeno "Mundial", conduziu Portugal até à final.
O seu saldo como técnico da Selecção principal é bastante positivo: em 15 jogos conseguiu nove vitórias, quatro empates e duas derrotas.
Integrou a Comissão Técnica que orientou a Selecção Nacional no Europeu de 1984, competição em que Portugal alcançou um brilhante terceiro lugar.
Entre 2004 e 2007, dirigiu a Selecção feminina de Portugal.

Para além disso, treinou os seguintes clubes: em Portugal, o Vitória Setúbal, o FC Barreirense, o Portimonense SC, o SC Farense e o FC Penafiel; em Espanha, o CD Logroñés; e, em Marrocos, o Kawkab Marrakech e o FUS de Rabat.



Títulos como jogador

2 Taças dos Campeões Europeus: 1961, 1962
8 Campeonatos de Portugal: 1960, 1961, 1963, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969
3 Taças de Portugal: 1962, 1964, 1969

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José Augusto - Barreirense e Benfica



Vitórias e património José Augusto (parte 1)



Vitórias e património José Augusto (parte 2)




Vitórias e património José Augusto (parte 3)





Vitórias e património José Augusto (parte 4)






BENFICA TV - ÚLTIMA HORA

JOGOS DO BENFICA NA LUZ - MANTÊM-SE NA BTV



ÉPOCA DE 1956/57

PLANTEL


José Águas, Salvador, Cávem, Bastos Ângelo, Alfredo, Coluna, Pegado, Jacinto, Artur, Calado, Caiado, Serra, Zézinho, Palmeiro, Isidro, Palmeiro Antunes, Azevedo, Costa Pereira, Naldo, Chipenda, Santana

TREINADOR

OTTO GLÓRIA



MELHOR MARCADOR

JOSÉ ÁGUAS - 33 GOLOS

PRESIDENTE

MAURÍCIO VIEIRA DE BRITO

Fundamental nas conquistas europeias

Foi quem, provavelmente, mais financiou o Clube, não só durante a sua gerência mas também depois de se retirar. No futebol, em 1961, conquistou a primeira Taça dos Campeões Europeus e em 1962 foi decisivo na segunda. Contratou-se o treinador Béla Guttmann (1959) e Eusébio (1960). Sagrou-se bicampeão nacional (1960 e 1961). Foi responsável pela requalificação do Estádio: iluminação (1958) e construção da primeira fase do Terceiro Anel (em 1960, com 75 mil lugares), obras suportadas na sua capacidade financeira. Foi eleito Sócio Benemérito (1958) e Águia de Ouro (1960).

RESULTADOS


VIDEOS


BENFICA 2 - ACADÉMICA 0




BENFICA 3 - COVILHÃ 1 (FINAL DA TRAÇA)



SPORTING 1 - BENFICA 0



BENFICA 1 - SPORTING 1

CRÓNICA DA ÉPOCA

Com o Sporting em declínio, incapaz de manter o nível com que dominara o futebol português até à primeira metade da década, a luta pelo título resumia-se a benfiquistas e portistas. 
Em 1956/57, o Benfica voltou a chamar a si o título, batendo os nortenhos por um ponto. O Belenenses segurou novamente o terceiro lugar, enquanto o Sporting acabou por se superiorizar ao Lusitano de Évora na luta pelo quarto lugar.
A luta entre benfiquistas e portistas foi intensa, na 22.ª jornada, fruto de uma vitória expressiva sobre o Caldas (4x0) os azuis e brancos lideravam a tabela com mais um ponto que os encarnados, mas na ronda seguinte, uma derrota em Belém (4x3), deixou o Benfica que vencera o Setúbal - isolado na liderança.
Na 24.ª jornada o FC Porto recebeu o Atlético nas Antas e empatou a zero, deitando quase por terra o sonho do título... mas um empate do Benfica em Torres Vedras na penúltima jornada deixou o Porto a sonhar. Na última jornada, a vitória portista sobre o Vitória de Setúbal (4x1) não chegou para o título, pois à mesma hora o Benfica bateu a Académica na Luz (2x0) e sagrou-se campeão.