GRANDES NOMES
FERNANDO CAIADO
A têmpera do Norte também
subsidiou, ao longo dos anos, o Benfica centenário. Mais especificamente até,
aquele denodo característico das gentes tripeiras, em qualquer zona de
intervenção, mas sempre muito saliente no futebol. A menos que tenha havido apenas
coincidência, o Benfica substituiu o nortenho Francisco Ferreira, em final de
carreira, por Fernando Caiado, um produto das escolas do Boavista.
Foi em Leça da Palmeira, a
poucos quilómetros do Porto, que nasceu, em Março de 1925. Tal como os dois
irmãos mais velhos, Fernando Caiado haveria de jogar com a camisola axadrezada,
a partir da pubescência. Aos 20 anos, já na equipa sénior, destacou-se como
avançado-centro, embora não deixasse de se familiarizar com outras posições. Já
tido como polivalente, ouvia pela primeira vez A Portuguesa, em 1946, no
Estádio Nacional, em jogo bem sucedido (3-1), com a Irlanda.
Quando rubricou um
compromisso com o Benfica, rejeitada que foi a oferta do FC Porto, era um
jogador experiente. Tinha efectuado 151 jogos no Boavista, marcado 64 golos e,
cumulativamente, apresentava um registo de seis internacionalizações. Quis o
destino que se estreasse, com 27 anos, na festa de consagração de Francisco
Ferreira, para logo saborear o triunfo (1-0) sobre o FC Porto e, mais decisivo
ainda, garantir um lugar na equipa orientada pelo argentino Alberto Zozaya.
Passou a ombrear com jogadores da casta de Jacinto, Félix, Arsénio, Águas e
Rogério.
Como in medio vertus, no
meio-campo virtudes exibiu Fernando Caiado, quer no decadente WM, que já no
embrionário 4-4-2, introduzido por Otto Glória. Em sete temporadas, garantiu
dois títulos nacionais e quatro Taças de Portugal. Irredutível na conduta,
chegou a capitão da equipa, apesar de nela coexistirem atletas com mais anos de
clube. Inclusive, recebeu a Medalha de Exemplar Comportamento, galardão
revelador da sua personalidade, só atribuível, na altura, a jogadores com mais
de duas centenas de jogos consecutivos sem qualquer punição.
“Quero uma cerimónia de
despedido recíproca entre mim e o público que sempre me acarinhou e não uma
festa de homenagem”, suplicou nas vésperas do adeus definitivo. Foi a 17 de
Junho de 1957, tinha então 34 anos. Por sua decisão, cinquenta por cento da
receita da partida com o Boavista seria atribuída à campanha de obras do
Terceiro Anel. Um gesto que tocou a alma benfiquista.
Treinador do Benfica em
1962/63 (vitória numa Taça de Portugal).
Épocas no Benfica: 9 (52/59)
Jogos: 140
Golos: 22
Títulos: 2CN, 4 TP
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