GRANDES NOMES
KAREL POBORSKY
Karel Poborsky.
Jindinchuv/Hadec, República Checa. 30 de Março de 1972. Avançado.
Épocas no Benfica: 4
(1997/2001). Jogos: 112. Golos: 17. Outros clubes: Budejovice, V. Zizkov,
Slavia Praga, Manchester United, Lazio e Sparta Praga. Internacionalizações:
República Checa.
A seu respeito, espera a
família benfiquista que tenha sido o último dos abencerragens. O último dos
grandes jogadores que, sarcasticamente, nada ganharam no clube. Karel Poborsky
participou em quatro temporadas de luto competitivo. Mesmo com aqueles pés
chamejantes. Mesmo com aquele jeito de máquina de costura, do tempo das
avozinhas, mas dotada de inteligência, com que furava o pano defensivo dos
oponentes. No seu ar de artista, combinação de jogador efusivo e profano,
parecendo dizer, tal como um dia Michael Laudrup, que “no futebol não há nada
pior do que correr atrás de uma bola”. Com ela, então sim, tínhamos homem.
Poborsky havia entrado, em
1996, para a história do futebol português. Melhor, para a contra-história. Com
aquele chapéu de aba larga, trocista, que liquidou Vítor Baia e as esperanças
de Portugal no Euro da Inglaterra. A mal da Nação. A bem da sua República
Checa, cujas cores defendeu ao longo dos anos, através de grandes desempenhos,
atingindo a excelsitude da centena de internacionalizações.
Proveniente do Manchester
United, chegou ao Benfica, na presidência de João Vale e Azevedo, decorria a
época de 96/97. Na mesma semana, quase sem se treinar, apresentou-se na Antas,
frente ao FC Porto. Perdeu o Benfica (2-0), mas o treinador Graeme Souness
ficou agradado e o checo tornou-se num dos inapeáveis do onze. Ainda na
primeira temporada, já em plena segunda volta do Campeonato, participou com
golos nos triunfos perante o Sporting e o FC Porto, dando mostras de uma
especial queda para as jornadas mais mediáticas.
Fez 112 encontros com a
camisola garrida, apontando 17 tentos. Depois de Souness, trabalhou sob o
comando de Shéu, Jupp Heynckes, José Mourinho e Toni. Em ano de final de
contrato, despediu-se no Algarve, num embate da Taça de Portugal, com o
Louletano. Três dias tinha apenas o novo século.
Karel Poborsky chegou a ser
a imagem de marca do Benfica. Exemplo da qualidade, virtuosismo. Os adeptos
dele se enamoraram, imputando-lhe a responsabilidade de construir a diferença.
Por norma, não defraudou. Pena que o edifício colectivo acusasse insuficiências
várias. Por isso, no Benfica só espreitou à janela do sucesso, que para mais
não davam os frágeis alicerces. Assim percorreu sem glória a estrada vermelha,
mas numa condução que deixou resquícios de beleza.
POBORSKY
THE LEGENDARY
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