GRANDES NOMES
JOÃO PINTO
João Manuel Vieira Pinto.
Porto, nasceu a 19 de Agosto de 1971.
A precocidade sempre
caracterizou João Pinto. Fez-se cedo homem, cedo foi pai, também cedo campeão
de futebol, cedo ainda ícone do Benfica. Tudo tão cedo, tão cedo, que cedo
abandonou o Benfica, apesar das oito épocas ininterruptas que fez, cinco das
quais como capitão. E talvez mais cedo do que possa vaticinar-se, porque nele
tudo acontece cedo, venha a ser reabilitado no gigantesco universo benfiquista.
Não será tarde, mas muito menos cedo ainda.
No Bairro do Falcão, na
cidade do Porto, começou a subir-lhe a temperatura da bola, do jogo. “Só
imaginava uma coisa na vida: ser jogador de futebol. Se não o fosse seria,
certamente, um frustrado. Era um puto reguila, vivia num bairro de gente pobre,
jogava futebol, fazia algumas patifarias. As maiores? Sei lá, roubar fruta nos
pomares vizinhos, subindo árvores, desafiando o perigo. E, vivendo num bairro
camarário, apesar de não ser de barracas ou de casas degradadas, percebi muito
cedo como a pobreza dói. Mas, nunca me faltou uma bola de futebol e com uma
bola de futebol eu sentia-me a criança mais feliz do Mundo”. Aos oito anos,
apresentou-se nas Antas com a esperança de aprender, na escola de Oliveira e
Gomes, o mesmo que Chalana ou mais tarde Futre, o quarteto nacional que sempre
o deixou atónito. “Alguém olhou para mim com desconfiança, dizendo, quase em
jeito de gozo, que voltasse mais tarde”. Jamais o fez.
Ainda que entuchado,
prosseguiu viagem. Optou pelo Águias da Areosa e um belo dia fez, em Pedrouços,
três golos ao FC Porto, que a sede de vingança, essa, torturava-o. Aproximou-se
o Boavista, com passe social e dinheiro para os estudos. Respondeu
afirmativamente. Dois dias depois, à investida portista, o não foi rotundo.
Na frutuosa oficina do
Bessa, João Pinto amadureceu. Dele não prescindia a Selecção Nacional, qualquer
que fosse o escalão etário. À fama chegou ao sagrar-se campeão do Mundo em
Riade, na Arábia Saudita. Também cedo, como tudo o resto, tinha apenas 18 anos,
partiu para Madrid, com a fixação de jogar ao lado de Paulo Futre, no clube do
polémico Jesus Gil e Gil. Acabou por ir parar ao Atlético Madrileño, para pouco
depois ser devolvido à procedência. No Boavista só ficou uma temporada, mas a
tempo de ainda bater o FC Porto, em 91/92, na final da Taça de Portugal. E de
bisar no Campeonato do Mundo de juniores, feito único no panorama do futebol
internacional.
Por 500 mil contos, Jorge de
Brito convenceu Valentim Loureiro a desfazer-se da jóia da coroa axadrezada. Já
no Benfica, conquistou de pronto mais uma Taça, uma vez que o Nacional se
escapou num dos derradeiros suspiros. Com o ídolo Paulo Futre ao seu lado. Mais
Veloso, Mozer, Vítor Paneira. Mais dois jovens em franca ascensão, Paulo Sousa
e Rui Costa.
No inicio do Verão de 93,
uma onda de autoflagelo abateu-se sobre a Luz. Antes não passasse de uma
rábula, mas a coisa foi mesmo séria. Sem ver a cor do papel, Pacheco e Sousa
rescindiram os contratos e passaram-se para o eterno rival. João Pinto também
denunciou o contrato e comprometeu-se com o Sporting. Em Torremolinos, ande se
encontrava de férias, foi resgatado por um convincente Jorge de Brito.
Regressou. Na Sala de Imprensa do parque de jogos benfiquista teve uma recepção
apoteótica… como se novel recruta fosse. “Burlão”, chamar-lhe-ia Sousa Cintra.
Porque não há duas sem três,
ele que já antes de ingressar no Benfica tão próximo esteve do Sporting,
desfeita maior haveria de fazer no Maio seguinte. Com Carlos Queiroz no
comando, Alvalade ardia na esperança de pôr termo a longo jejum no Campeonato.
Ao Benfica só a vitória interessava, sinónimo era da conquista do titulo.
Começaram melhor os donos da casa, 1-0 e 2-1 (já golo do João) foram vantagens
registadas. Sublime, arrancou para a mais fulgurante de quantas exibições fez.
Antes do intervalo, já era de júbilo o ambiente nas hostes rubras. Mais dois
golos marcou, invertendo os números do placar. Triságio fez. O Benfica bateu o
Sporting, por 6-3. Era, finalmente, campeão nacional.
O génio de João Pinto,
continuou a deslumbrar. Diziam os críticos, não poucas vezes, que às costas
carregava a equipa. Até que um dia, num daqueles absurdos que a negro pintam a
História, do Benfica receberia guia de marcha. O Menino de Ouro. Cedo, muito
cedo, demasiado cedo.
O MENINO DE OURO
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