GRANDES NOMES
SHÉU HAN
Shéu Han nasceu em Inhassoro,
Moçambique a 3 de Agosto de 1953. Médio.
Épocas no Benfica: 17
(72/89). Jogos: 488. Golos: 45. Títulos: 9 (Campeonato Nacional), 6 (Taça de
Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: SL Beira.
Internacionalizações: 24.
É bem um caso de veri, vidi,
vici, o do menino africano de origem asiática, europeu se fez, por Shéu Han
responde. Filho de um pescador, Low Fuck Him, que significa “aquele que nasceu
da terra a ela há-de voltar um dia”. Paciente como os chineses, harmonioso como
os moçambicanos, determinado como os portugueses, de Inhassora viajou até à
actualidade, absorvendo um misto de culturas, com denominador comum, a graça do
jogo, a magia da bola.
Tinha Shéu seis anos quando
foi para a cidade da Beira. Sentia-se sufocado, longe daqueles espaços infindáveis
que calcorreava a seu bel-prazer. No colégio sentiu o valor da liberdade, mas
as obrigações escolares não o amoleceram. Tornou-se prematuramente maduro,
crescendo mais na vida que na idade, ele que já não adormecia nos olhos
protectores da mãe.
A “chincha” colou-se-lhe ao
destino. Começou por se recriar no a-e-i-o-u do pontapé. Sugeria dotes para a
função. Depois, não muito depois, já menos ócio e mais sacerdócio, integrou-se
na equipa do Sport Lisboa e Beira, filial moçambicana do Benfica, glosando o
posto de extremo-direito e a vocação pelo golo. Não tardou que seleccionado
fosse, no Dia do Júnior, para a equipa da Beira, que se bateu perante a
congénere de Lourenço Marques. “Como era muitas vezes apanhado na situação de
fora-de-jogo, talvez pela ânsia de marcar, o treinador fez-me recuar para a
zona central do terreno”. Virou médio, naquele instante. Médio seria, até ao
termo da carreira.
Se alguma virtude o
colonialismo teve, talvez seja possível encontra-la nas frequentes deslocações
de cidadão portugueses, socialmente importantes, aos territórios dos subjugados
países africanos. Que o diga Shéu, quando foi observado pelo tenente-coronel
Manuel da Costa, que logo se rendeu ao seu engenho. Benfiquista de gema, aquele
militar abordou a família e a Lisboa comunicou o achado. Corria o ano de 1970.
O ano do desembarque de Shéu na então metrópole.
Vivia no Lar, à Baixa só ia
por necessidade, que “aquele movimento fazia uma enorme confusão”, treinava-se
nos escalões juniores do Benfica. Mário Coluna, o eterno capitão, foi o seu
primeiro treinador, logo seguido de Ângelo Martins, outra das maiores
referências do vermelho-vivo. Disciplinado, atento, colheu ensinamentos
preciosos. Não regateou o trabalho, o esforço. Dava gosto vê-lo, sempre aprumado,
naquelas milícias jovens, transportando ambição. A primeira consequência, foi o
titulo no Campeonato de Lisboa, na categoria júnior, frente ao Sporting, por
2-1, com um golo da sua paternidade. Campeão nacional seria também no mesmo
escalão etário.
Na passagem a sénior, o
clube não prescindiu dos seus serviços, naquela que foi a sua primeira grande
afirmação. Claro que era difícil impor-se, tão abundante se mostrava o quadro
de jogadores. Nem por isso se deixou aperrear. A 15 de Outubro de 1972, experimentou
o frenesim da estreia na turma de honra, no Barreiro, com José Henrique, Malta
da Silva, Humberto Coelho, Rui Rodrigues, Adolfo, Jaime Graça, Toni, Simões,
Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão. O Benfica venceu, por 3-0. Campeão seria.
Também Shéu, mercê dessa única aparição, no ano em que “o meu ídolo Eusébio, já
com 31 anos, conquistou a sua segunda Bota de Ouro, ao marcar 40 golos”. Nas
duas temporadas seguintes, mais uma com Hagan e Cabrita, outra com Milorad
Pavic, Shéu quase penou, só aparecendo de forma pouco mais que fugaz.
A partir da regência de
Mário Wilson, em 75/76, ganhou lugar quase cativo no onze. Assim continuaria
durante anos a fio. Sempre discreto, no estilo de pézinhos de lã, era o melhor
no combate da eficiência. Tornou-se um centro campista de características
defensivas. Lajos Baroti, mestre da FIFA, chegou a dizer que “o Shéu bem
merecia vestir a camisola com as insígnias da UEFA”. Fez 17 épocas
ininterruptas, garantindo nove Campeonatos, seis Taças e duas Supertaças.
Participou ainda na final da Taça UEFA, mas o golo que marcou perante o
Anderlecht, na Luz, revelou-se insuficiente para o triunfo sorrir ao Benfica.
E, com a braçadeira de capitão, subiu ao palco do Neckarstadion, em Estugarda,
na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, ganha pelo PSV, após aquele
famigerado remate de Veloso da marca dos 11 metros. Internacional foi ainda por
24 ocasiões, com dois golos no bornal.
Figura incontornável do
Benfica, com low profile, Shéu fixou-se no clube até à actualidade, no desempenho
dos mais diferentes cargos. Fixou-se também, como se de verdadeiro general se
tratasse, na galeria dos notáveis do exército vermelho.
VIDEOS
VITÓRIAS E PATRIMÓNIO A HISTÓRIA DE SHÉU HAN
1ª PARTE
2ª PARTE
3ª PARTE
4ª PARTE
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