GRANDES NOMES
ROBERT ENKE
O guarda redes merece uma
abordagem mais contextualizada que os "posts" de circunstância e para
isso é preciso deixar acalmar as emoções para que se publique algo mais
objectivo.
Digo já que Enke foi o 3º
melhor guarda redes que vi jogar no Benfica. Melhor do que ele só o Bento, e
Preud'Homme. Curiosamente, destes 3 apenas o belga ainda está entre nós.
Robert Enke sofreu do mesmo
mal de Preud'Homme, chegou ao Benfica no tempo errado. O belga devia ter
chegado uns 10 anos antes, e o alemão devia estar a chegar agora. O Benfica de
1999 era um pesadelo difícil de viver. Visto com uma década de distância até dá
para rir ao lembrar os jogadores que passaram pela Luz, e alguns resultados que
ficam a manchar a nossa gloriosa história. O mérito destes excelentes guarda
redes foi não ter deixado o panorama piorar ainda mais.
Quem me conhece sabe que
adoro o futebol alemão. Desde 1988 que apoio sempre a Alemanha nas fases finais
das grandes competições, torço pelo Hamburgo, e acompanho de perto a
Bundesliga.
Depois da recusa histórica
de Artur Jorge à contratação de Klinsmann, em 1999 eu via, finalmente, um
alemão a vestir o manto sagrado.
Depois da época louca de
Souness, que acabou com Shéu no banco, Vale e Azevedo resolveu apostar tudo em
Jupp Heynckes que exibia no seu currículo uma Liga dos Campeões pelo Real
Madrid. Mais uma vez a esperança renascia e entre os reforços chegava Enke.
Lembro-me perfeitamente da
apresentação da equipa no antigo estádio da Luz. Foi um jogo entre o Benfica e
o... Benfica. Estádio com milhares de adeptos para ver um jogo treino entre
duas equipas do Benfica com o plantel dividido ao meio. Logo nessa noite
consegui irritar-me com meia bancada à minha volta. Como era possível haver
dúvidas quanto à baliza?! Para mim só podia ser Robert Enke. Tinha estilo,
tinha envergadura atlética, e era alemão! Como poderiam os meus companheiros de
bancada olharem para um argentino alto, desajeitado, com pinta de padeiro, que
jogava de calças de fato de treino e se chamava Bossio?!
Naquela noite elegi logo o
nosso número 1 e não estava enganado.
Apesar de Heynckes ter dito
que Enke ainda era muito novo e que Bossio tinha todas as condições para ser
titular ao fim de uns jogos de preparação viu-se logo a diferença enorme entre
os dois e assim foi com naturalidade que Enke defendeu a nossa baliza no 1º
jogo do campeonato em Vila do Conde. Empate 1-1.
O problema de Enke nessa
temporada é que a equipa que defendia era completamente desiquilibrada.
Relembremos quem jogava à
frente do alemão. Andrade, Paulo Madeira, Ronaldo e Sérgio Nunes. Tahar entrou
ao intervalo.
No meio Calado, o genial
Poborsky, Kandaurov, e ... Luís Carlos! Ainda entrou Chano.
Na frente João Pinto, o
capitão, e Nuno Gomes que foi substituído por... Porfirio!
Além destes craques o nosso
plantel contou ainda ao longo da época com: Pepa, Jorge Ribeiro, José Soares,
Marco Freitas, Mawete, Cadete, João Tomás, Tote, Okunowo, Uribe, Sabry,
Machairidis, Rojas, Bruno Basto, Maniche...
Enke foi mesmo o melhor , e
único, reforço digno desse nome. Memorável actuação na Grécia frente ao PAOK
com vitória por 0-2, e igual exibição na Luz onde o Benfica foi obrigado a ir a
penaltis e aí Enke brilhou defendendo dois.
Mais valia não ter defendido
nenhum já que a seguir veio o Celta.
Na primeira eliminatória da
UEFA outro jogo ficou na memória com o Benfica vencer na Roménia o D.Bucareste
por 0-2 depois de ter perdido por 1 na Luz.
D. Bucareste-0 Benfica-2 de
1999
Enviado por MemoriaGloriosa.
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Na Taça de Portugal só
fizemos 3 jogos. Com o Torres Novas jogou Nuno Santos, com o Amora na Luz jogou
Bossio, célebre jogo à noite a 12 de Janeiro de 2000 com umas mil pessoas nas
bancadas a apanhar chuva e frio e o Benfica venceu por 7-0 com dois irmãos a
alinharem de início. Mas estes muito longe do brio e carácter dos grandes
Bastos Lopes. Fui ver este jogo. Enke foi titular nos 1/8 de final porque o
adversário era o Sporting. Perdemos 1-3 com Acosta a fazer dois golos. O nosso
golo foi apontado por Uribe!
No campeonato o jogo
memorável aconteceu em Alvalade (obviamente). Enke defendeu tudo o que havia
para defender. Recorde-se que este era o tal jogo que os nossos rivais
apelidaram de jogo dos cabeçudos já que se preparavam para serem , finalmente,
campeões à nossa conta.
Enke não gostou da imagem de
cabeçudo e recusou-lhes o golo. Sabry, entrou e devolveu-lhes o rótulo que
perdurará no tempo. Cabeçudos! Muito à conta de Enke!
Nessa época Enke não foi
sempre titular da baliza. Entre lesões e opções técnicas foi alternando com
Bossio. Após um jogo como Farense na Luz em que os algarvios chegaram ao 0-2
mas que acabou com uma goleada de 6-2, Enke saiu da equipa.
Bossio foi levar 3 à
Amadora, empatámos no Bessa 1-1, ganhámos ao Alverca 3-2, perdemos pelo mesmo
resultado em Braga, mas uma vitória sobre o Porto em casa, e outra em Campo
Maior por 2-4 mantiveram o argentino na baliza. Até que o Belenenses foi vencer
à Luz por 2-3 ( mais 3 sofridos por Bossio) no jogo em que Fernando Mendes
marcou e insultou o nosso clube. A partir daí Enke voltou ao seu lugar.
Acabámos em 3º lugar com 7
derrotas!
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