GRANDES NOMES
PADINHA
Paulo Padinha, ao contrário
de Diamantino, foi mesmo bicampeão. “Vinha dos juniores e, no primeiro ano,
comecei logo a jogar. O Eriksson gostava de mim, mas eu também sabia que ele
era de apostar nos jovens. No Gotemburgo [que venceu a Taça UEFA em 1981/1982]
sempre o fez. E como eu já estava no Benfica desde os 15 anos, e até já tinha
feito uns jogos de preparação com a primeira equipa, quando lá cheguei, já
conhecia toda a gente e toda a gente me conhecia. Foi fácil.”, recorda Padinha,
hoje com 52 anos.
Era o adjunto Toni quem
traduzia o treinador sueco logo que este deixou de se fazer acompanhar por um
intérprete. Os dois mantêm uma boa relação de amizade até hoje.
O pior veio mais tarde, logo
na primeira época com Eriksson, quando contraiu uma lesão. Foi o começo do fim
para um dos mais promissores médios centro da sua geração. “A lesão no joelho
era grave, mas era recuperável. Fui operado e tudo. O problema foi que, quando
voltei a treinar, caí sobre o tal joelho
[direito] e destruí as cartilagens todas. Nunca voltei a ser o que era. Tinha
20 anos. E com 20 anos, tens é que jogar. Quando terminei a minha carreira, com
28 anos, no Estrela da Amadora, já só jogava com o pé esquerdo. A perna direita
não servia para nada. E sempre fui destro.”, explica.
Padinha é o quarto na fila
de cima, a contar da esquerda para a direita. Jogou no Benfica desde os 15
anos.
Padinha é o quarto na fila
de cima, a contar da esquerda para a direita, aqui com plantel de 1982/1983.
Jogou no Benfica desde os 15 anos.
Padinha, que hoje é mediador
de seguros, mas até começou por ser vendedor de automóveis quando abandonou o
futebol, revela que o segredo do sucesso do bicampeonato foi o próprio
Eriksson: “O plantel era muito bom, tínhamos os melhores jogadores em Portugal.
Mas o Eriksson foi uma ‘pedrada no charco’ até para os mais velhos, como o
Bento ou o Humberto. Não se treinava assim em Portugal. É verdade que o
futebolista português sempre foi tecnicamente do melhor que há, mas com o
Eriksson passou a deixar de querer resolver tudo individualmente, e passou a
pensar o futebol de um modo muito mais bem organizado, tanto na defesa como no
ataque. Mas sobretudo no ataque. Com ele era tudo pensado em detalhe. Nada
voltou a ser como era.”
Mas se Sven-Göran Eriksson
não dizia uma palavra de português no começo, e até dispensou o tradutor ao fim
de pouco tempo, como é que os jogadores compreendiam o que ele dizia nas
palestras? “No início ele só falava sueco. E quando deixou de ter o tradutor,
passou a falar inglês. Era o próprio Toni que nos dizia o que ele queria de
nós. Não sei se o dizia bem, se o dizia mal, eu nem sei se o Toni falava assim
tão bem inglês, mas o Eriksson nunca se queixou. Mas isso também não era
importante. O futebol é universal. Só tem uma língua.”, conclui.
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