GRANDES NOMES
FRANCISCO FERREIRA
Francisco Ferreira
(23/08/1919 - 14/02/1986)
"Orgulhem-se os
benfiquistas: tiveram em Francisco Ferreira o mais perfeito capitão da equipa
de futebol da vossa história.
Médio esquerdo, bem dotado
fisicamente, o meio campo era todo dele e o seu exemplo de lutador inteligente
galvanizava a equipa e conquistava a simpatia das bancadas.
Francisco Ferreira começou
no FC Porto nos infantis. Com 17 anos, fez parte da equipa sénior, na final do
Campeonato de Portugal (1936/37), vencendo o Sporting por 3-2. Era o seu
primeiro título de Campeão Nacional. Em 37/38 o Porto ficou em 2º lugar,
Francisco Ferreira fez 10 jogos e fez-se logo notar pela sua valentia, numa
entrega total em todos os jogos.
Duma personalidade forte que
o havia de acompanhar durante a vida toda, um verdadeiro líder, pediu aumento
de vencimento aos Dirigentes do Porto. «Que não aturavam malandros», etc., etc.
e adeus FC Porto.
Não voltou com a palavra
atrás quando o dirigente portista, Sebastião Ferreira Mendes, já lhe dava
«mundos e fundos» e emprego garantido.
Em 1938/39 estava no
Benfica, em 1940, a 28 de Janeiro, fez o seu primeiro jogo na Selecção
Nacional, em 43, aos 24 anos, era capitão da equipa das «Águias» e, em 1947, o
capitão da Selecção Nacional.
Combativo, mas leal,
conquistou a admiração dos benfiquistas e dos seus adversários.
Em Janeiro de 1950, FC
Porto-Benfica no velhinho e pelado Campo da Constituição, os lisboetas venceram
por 1-0, golo de Julinho e houve sururu. Um jogador do Benfica (Jacinto?)
entrou duro sobre um portista. O costume: discussões, recriminações mútuas,
etc., etc.
O grande capitão Francisco
Ferreira abeira-se do colega faltoso, põe-lhe as mãos nos ombros, abana-o
levemente, numa atitude de quem parece dizer "isto não se faz".
Atitudes como esta, digam-me
lá se as vêem hoje nos relvados de Portugal. (Em contraste com a atitude nobre
de Francisco Ferreira, reatado o jogo, Barrigana um excelente guarda-redes no
Porto e na Selecção, teve uma atitude reprovável. Já com a bola encaixada para
a repor em jogo, resolve primeiramente pontapear as «almofadas» do Jacinto,
defesa direito do Benfica; Grande penalidade e Barrigana expulso).
A 3 de Maio de 1949 o
Benfica homenageara Francisco Ferreira. De Itália veio o campeão Torino, o
maior fornecedor de jogadores à selecção transalpina.
O Benfica venceu o campeão
de Itália por 4-3. O Presidente do Torino, que se tinha deslumbrado pela
actuação de Francisco Ferreira no Itália 4, Portugal 1, em Génova, em 27 de
Fevereiro desse ano, convidou-o a ingressar no Torino.
Os deuses do Futebol não
permitiram que o grande Francisco Ferreira abandonasse o grande Benfica.
No regresso de Itália, o
avião (devido ao Nevoeiro?) caiu sobre a basílica de Superga morrendo toda a
comitiva, atletas e dirigentes.
Profundamente abatido,
Francisco Ferreira, entregou às famílias dos jogadores mortos os 50 contos que
o Torino lhe oferecera.
Terminou a carreira no final
do campeonato 51/52, com o Benfica em 2º lugar, mas vencedor da Taça de
Portugal 5-4 ao Sporting num dos jogos mais emocionantes que disputou. Recebeu
do Presidente da República Craveiro Lopes, a Taça de Portugal.
Em Janeiro de 1945, outro
Presidente, Óscar Carmona, quis felicitá-lo pessoalmente por mais uma grande
exibição no Portugal-Espanha.
Francisco Ferreira: «o
verdadeiro capitão na verdadeira acepção da palavra».
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