quarta-feira, 13 de julho de 2016

GRANDES NOMES

ALHINHO


A meio da década de 70, a cadeia de comando do sector defensivo do Benfica desmoronou-se com a saída de Humberto Coelho. Ainda assim, na ausência do líder carismático (75-77), nem por isso o clube deixou de saborear dois títulos nacionais. Uma escrupulosa colecção de centrais foi a terapêutica em boa hora perfilhada. António Bastos Lopes (também lateral-direito), Eurico, Messias, Alhinho e Barros (também lateral-esquerdo) integraram o plantel naquela temporada de 76/77. A novidade era o internacional de origem cabo-verdiana, então com 27 anos, já campeão nacional pelo Sporting, oriundo do Bétis de Sevilha.



Carlos Alhinho era a experiência acumulada. Dotado de excelente sentido posicional, consistente no jogo aéreo, firme na marcação. Capaz de sair a jogar com autoridade, forte no contexto emocional, logo se tornou um bem-avindo na retaguarda benfiquista. Reencontrou o sucesso com o título de campeão e sucessivas chamadas à equipa nacional. De tal sorte que uma irresgatável proposta do Racing White, da Bélgica, o conduziu a nova aventura, em 77/78, data do regresso apoteótico de Humberto Coelho.

No ano seguinte, então sim, novamente na Luz, contrato assinado por três temporadas, fez dupla com o capitão, seguramente a melhor e mais harmoniosa da época. Em todo o caso, o desenlace não correspondeu ás expectativas, quedando-se o Benfica pela segunda posição, mesmo que a um só ponto do campeão FC Porto. Nessa prova, o triunfo folgado (5-0) sobre o Sporting, com todos os golos obtidos na metade inaugural, constituiu o marco mais saliente da prestação encarnada.



Voltou a penar na temporada seguinte, com o Sporting a impor-se, já João Laranjeira, por coincidência velho companheiro das sagas de Alvalade, engrossava o lote de centrais do Benfica. A final da Taça lenitivo foi, com triunfo arrancado ao FC Porto, graças a um golo solitário do brasileiro César.

O regresso às vitórias estava aprazado para o ano imediato. Com Lajos Baroti, deu Campeonato, deu Taça, deu Supertaça, deu até meias-finais da Taça das Taças. Mas já deu menos Alhinho, inferiorizado por lesões várias e numa idade em que a recuperação se apresentava mais penosa. Adivinhava-se o adeus.



Não desmereceu a passagem pelo clube. Carlos Alhinho, prolongamento da legião africana de futebolistas com generosidade e arte, ajudou, no seu tempo, à criação de sinergias num Benfica em fase de adaptação aos novos tempos.

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