GRANDES NOMES
ALHINHO
A meio da década de 70, a
cadeia de comando do sector defensivo do Benfica desmoronou-se com a saída de
Humberto Coelho. Ainda assim, na ausência do líder carismático (75-77), nem por
isso o clube deixou de saborear dois títulos nacionais. Uma escrupulosa
colecção de centrais foi a terapêutica em boa hora perfilhada. António Bastos
Lopes (também lateral-direito), Eurico, Messias, Alhinho e Barros (também
lateral-esquerdo) integraram o plantel naquela temporada de 76/77. A novidade
era o internacional de origem cabo-verdiana, então com 27 anos, já campeão
nacional pelo Sporting, oriundo do Bétis de Sevilha.
Carlos Alhinho era a
experiência acumulada. Dotado de excelente sentido posicional, consistente no
jogo aéreo, firme na marcação. Capaz de sair a jogar com autoridade, forte no
contexto emocional, logo se tornou um bem-avindo na retaguarda benfiquista.
Reencontrou o sucesso com o título de campeão e sucessivas chamadas à equipa
nacional. De tal sorte que uma irresgatável proposta do Racing White, da
Bélgica, o conduziu a nova aventura, em 77/78, data do regresso apoteótico de
Humberto Coelho.
No ano seguinte, então sim,
novamente na Luz, contrato assinado por três temporadas, fez dupla com o
capitão, seguramente a melhor e mais harmoniosa da época. Em todo o caso, o
desenlace não correspondeu ás expectativas, quedando-se o Benfica pela segunda
posição, mesmo que a um só ponto do campeão FC Porto. Nessa prova, o triunfo
folgado (5-0) sobre o Sporting, com todos os golos obtidos na metade inaugural,
constituiu o marco mais saliente da prestação encarnada.
Voltou a penar na temporada
seguinte, com o Sporting a impor-se, já João Laranjeira, por coincidência velho
companheiro das sagas de Alvalade, engrossava o lote de centrais do Benfica. A
final da Taça lenitivo foi, com triunfo arrancado ao FC Porto, graças a um golo
solitário do brasileiro César.
O regresso às vitórias
estava aprazado para o ano imediato. Com Lajos Baroti, deu Campeonato, deu
Taça, deu Supertaça, deu até meias-finais da Taça das Taças. Mas já deu menos
Alhinho, inferiorizado por lesões várias e numa idade em que a recuperação se
apresentava mais penosa. Adivinhava-se o adeus.
Não desmereceu a passagem
pelo clube. Carlos Alhinho, prolongamento da legião africana de futebolistas
com generosidade e arte, ajudou, no seu tempo, à criação de sinergias num
Benfica em fase de adaptação aos novos tempos.
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