GRANDES NOMES
RICARDO GOMES
Sustentam os especialistas
da coisa redonda que uma equipa deve ser edificada de trás para a frente. Um
conceito que encerra já muito de modernidade. No Benfica, perante esse
exercício, que de retórica não é, saltam logo à memória os nomes de Félix, de Germano,
de Humberto Coelho. Também de Mozer, de Aldair, de Gamarra. E forçosamente, de
Ricardo Gomes, o primeiro jogador que, não tendo chegado ao mundo em Portugal
ou nas colónias, a braçadeira de capitão envergaria. Líder congénito, impunha
de forma espontânea a sua autoridade, sem levantar a voz, sem espalhafato, sem
jactância. Sabia cofiar as hostes, pioneiro no exemplo. O exemplo de um defesa
imbatível.
Após ter chegado à final da
Taça dos Campeões de 87/88, o Benfica perdeu, no ano seguinte, Dito e Rui
Águas, depois de uma vil tramóia, congeminada em gabinetes nortenhos.
Lamentava-se Toni, então treinador, que lhe haviam dado “dois tiros no
porta-aviões”. Ferido o orgulho da águia, fria foi servida a vingança. Ricardo
Gomes, pedra basilar do Fluminense e da selecção do Brasil, aterrava em Lisboa,
rumo à vitória.
Debaixo se sol algarvio,
abriu as hostilidades, pela primeira vez, frente ao Portimonense, na terceira
ronda do Nacional, que o golo de Vata transformou em sucesso. Seguiu-se uma
campanha quase sem mácula. O Benfica recuperaria o titulo nacional. Ricardo
Gomes fez 31 jogos e apontou oito golos, quase todos decisivos, naqueles
últimos minutos de assomo da onda vermelha. Com Mozer ao lado, no centro da
defensiva, em 38 encontros, apenas 15 (!) bolas sofridas.
Desfeita a melhor dupla de
sempre, recepcionou outro compatriota, também internacional, de seu nome
Aldair. O Campeonato escapou, mas a presença na final dos Campeões (0-1),
frente a um super-Milan, era sinal indicativo da vitalidade competitiva do
clube. De resto, no ano seguinte, novo titulo nacional para o Benfica, com nove
golos de Ricardo Gomes na prova.
Uma mala cheia de francos
levou-a até à Cidade Luz, em representação do Paris Saint-Germain. Regressou em
95/96, 45 vezes internacional pelo escrete canarinho, sob o sábio e ternurento
comando de Mário Wilson. No Jamor fez o aceno definitivo. Em glória.
Quatro épocas apenas jogou
Ricardo Gomes no Glorioso. Só que mais pareceu uma eternidade, tão dominantes e
sedutores foram os seus tempos. Agora, parece uma miragem. Assim se faz também
o sortilégio do Benfica.
Épocas no Benfica: 4 (88/91
e 95/96)
Jogos: 140
Golos: 27
Títulos: 2CN, 1TP, 1ST
UM DOS GOLOS DE RICARDO PELO BENFICA
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