GRANDES NOMES
BARROS
António Monteiro Barros
Duas semanas depois de Mão
Tsé-Tung ter proclamado a República Popular da China, pelo ano de 1949, nascia
António Barros, no coração da cidade do Porto. Nem de propósito. Mais tarde
profissional de futebol, caracterizou-se por um toque revolucionário,
anti-sistema, com gérmens na excentricidade. A ele sempre se associou o estigma
de que poderia ter ido mais além. Sincopou o rendimento. Às vezes com soberba.
Por temperamento. Áspero e agreste.
Barros adveio na localidade
piscatória de Matosinhos, no Leixões. Em maré alta. De craques. Era Raul, era
Jacinto, era Fonseca, era Praia. Era sustento do Benfica. Para não mudar o
rumo, o mesmo embarque, as mesmas milhas. Até ao porto seguro da Luz.
Estava apostado em fazer
água na boca. Afinal, já havia contribuído para fainas bem sucedidas. Em 70/71,
todavia, os centrais Humberto Coelho e Zeca estiveram autoritários. Chances não
deram ao jovem recruta de 21 anos. Saiu por empréstimo. Num curto hiato. Dois
anos depois regressou. Era mais jogador. Mais maturado.
O ano foi verde. Hagan
queria o tetracampeonato. A ilusão durou três curtas jornadas. Seguiu-se
Fernando Cabrita, com o britânico fora de jogo, após litigio sério com a
Direcção do clube. A um mês do final do Campeonato, o Sporting liderava com
grande folga. Em Alvalade, no dia 31 de Março de 1974, Marcelo Caetano era
apupado, na agonia do regime. Aplausos só para o Benfica, numa fulgurante vitória,
por 5-3. Aplausos para Barros, titular no eixo recuado. Não chegou para
Nacional vencer, mas ficou a evidência da superioridade benfiquista.
Na temporada imediata,
terceiro jogador mais utilizado seria. Quase sempre a lateral-esquerdo, em
abono da sua polivalência. O Campeonato voltou a sorrir. Sem sorrir ficaram os
adeptos, no final da época, com a transferência do carismático Humberto para
França. Barros aceitou o desafio de Mário Wilson. Passou a operar na jurisdição
de Humberto. A contento. O titulo revalidado foi.
Novo ano, novo triunfo. Novo
Barros. Novo? Antes diferente. Para pior. Menos competitivo, menos rigoroso,
menos eficiente. Mais distante. Com as portas aberta para a saída. Tanto mais
que havia Eurico, Bastos Lopes, o regressado Humberto. Jogou cinco anos,
compaginou quatro Campeonatos, internacional se fez. Ao lado de muitos outros
defesas, bola nos pés, sustenta Toni, “era coisa azeda comparada a pastéis de
Belém”. Fica o açúcar nas representações de Barros à Benfica.
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