GRANDES NOMES
ROGÉRIO DE SOUSA
No segundo quartel do século
XX, pelo universo da bola indígena, Funchal era sinónimo de Pinga, esse
primitivo milagre de que o FC Porto, à custa de algumas arteirices, se
apropriou no arquipélago. Mas outro madeirense, por essa altura, também se
lançou aventura dentro. Cortejado pelo Benfica, haveria de rumar a Lisboa. Era
Rogério Sousa, avançado de posição, que teve uma permanência de oito temporadas
no edifício vermelho.
Nasceu ainda no regime
monárquico, mas hipótese não teve de dar conta. Estava com seis meses de vida,
em 1910, quando a República foi implantada. Ainda garoto, fascinado pela bola
de trapos, sinal da austeridade dos tempos, revelava queda para o oficio de
futebolista. Caucinado pelo golo, mistela de criativo e finalizador parecia
ser. E até sem os erros bem próprios da idade.
O Benfica, a partir de 1932,
permitiu que vagueasse pelos afamados palcos da época. Era o elixir que
faltava. Para dar cor à vontade. Rogério Sousa rejubilou e deu inicio à
jornada. Logo na primeira época, ajudou a pôr termo ao interregno de 12 anos,
com o clube a sagrar-se campeão de Lisboa, para gáudio do técnico Ribeiro dos
Reis. Albino vendia segurança, Rogério oferecia desequilíbrio, Vítor Silva
emprestava conclusão. Era muito assim aquele Benfica.
No total, conquistou três
Campeonatos da I Liga, um Campeonato de Portugal, dois Campeonatos de Lisboa e
uma Taça. Disputou 161 jogos, facturando 101 golos. Em 1936/37, ano em que se
consagrou bicampeão, foi mesmo o melhor marcador da equipa, com 32 remates certeiros,
apesar da presença já no plantel de Guilherme Espírito Santo e também de Xavier
ou Valadas. Jogador mais vezes utilizado seria ainda. Com uma gerência técnica
de cinco anos ininterruptos, o húngaro Lipo Hertzka terá sido o treinador que
melhor soube optimizar os seus recursos. No papel de actor principal, do
meio-campo para a frente, chegou a empolgar. Tinha o talento dos pensadores, a
alma dos crentes, a energia dos combativos, a solidariedade dos simples.
Actuou pela derradeira vez
em 16 de Junho de 1940, no triunfo (2-1) sobre o Carcavelinhos. Martins,
Albino, Francisco Ferreira, Teixeira e Valadas, entre outros, testemunharam o
último suspiro do madeirense. Dele, Rogério Sousa, um dos jogadores que mais
relampaguearam no céu azul da felicidade vermelha.
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