GRANDES NOMES
MESSIAS
Não era Messias apenas mais um jogador de expressão afro
no renque do Benfica. O seu BI vermelho, exibe seis Campeonatos e uma Taça de
Portugal, rico relicário, garantido em oito temporadas de presença ininterrupta
no ninho da águia. Viveu a época garrida de transição das décadas de 60 e 70,
tempos de supremacia, tempos também de adaptação às novas realidades pós-Abril,
tempos irrepetíveis. Com Humberto Coelho investido na tarefa de patrão da
estrutura defensiva, rivalizou com Raul, Zeca, Barros, Rui Rodrigues, Bastos
Lopes, Eurico e Alhinho. Nesse meio, de sã disputa, Messias levou algumas vezes
a melhor, mormente nas temporadas de 72/73 e 75/76, alturas em que mais jogos
disputou. Campeão se fez e de novo campeão. A símploce do seu contentamento.
Chegou ao Benfica no alvor da juventude. Natural da
antiga Lourenço Marques, com apenas 19 anos, logo se viu inquilino numa casa de
craques. O clube era o máximo. Tinha os melhores executantes, o melhor estádio,
o melhor palmarés, os melhores adeptos.
Messias intimidou-se, que o caso não
era para menos. Ainda com Coluna, Eusébio, Jaime Graça, Torres, Simões,
jogadores que preencheram o seu imaginário, sentia-se pequenino no começo da
intimidade. A tal ponto que, nas duas primeiras épocas, só de forma bruxuleante
actuou na equipa de honra. À terceira, então está bem, evidência ganhou.
Era um defesa subsidiário, regra geral de Humberto
Coelho. Não mandava, completava. Alto, tinha dotes de cabeceador. Robusto,
tinha firmeza na marcação. Intuitivo, tinha colocação no espaço. Ao combinado
nacional auxilio valoroso emprestou na Minicopa do Brasil, em 1972, com
actuações sólidas, numa constelação de estrelas, que só o anfitrião Brasil
acabaria por estorvar.
Após 75/76, Messias deu por terminado o seu período
áureo. Prosseguiu nas fileiras do Benfica, respondendo afirmativamente quando
solicitado a jogar. Mas já outros companheiros ganhavam vantagem. Humilde,
afectado também por maldosas lesões, reprimiu sempre a sede de revolta.
Entregue à sua sorte (?), despediu-se com o Leixões, na Luz (3-1), uma semana
antes do Natal de 1976.
Continuou a jogar noutras paragens. Era o Messias do
Benfica. Ficava-lhe bem. Morreu aos 50 anos, com a doença da vida. Das agruras
dos seus últimos dias, mais até emocionais. Não merecia. Não merecíamos. Por
isso, à laia de epitáfio, exalte-se de Messias a bem-aventurança, o campeão da
simplicidade.
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